Quando comecei a escrever este review, estava tomando algumas Baden Badens
que comprei esta tarde. Comprei a Weiss, a Stout e a Golden e, achando que estaria
guardando o melhor pro final, resolvi tomar a Golden por último e minha nossa
essa porra tem gosto de canela. Quem experimentou isso antes não achou isso uma
péssima ideia? E olha que a Stout e a Weiss são excelentes.
ENFIM, vamos para o review.
Xédou ófi mórdor chegou sem fazer grande estardalhaço. Diabos, mesmo se eles
anunciassem que em vez de orcs você enfrentaria avestruzes, não teria como você
encarar toda a campanha de marketing que fizeram para Destiny. Aliás, vocês
ainda jogam Destiny? Uau, nunca mais podem falar mal de quem joga Mario por ele
estar jogando sempre “o mesmo jogo”. Mas estou divagando com a ajuda dessa
cerveja sabor canela (uma merda, comprem a Baden Baden 1999).
Neste jogo, você toma controle de Talion, um Ranger (sem Power) que guardava
a região de Mordor antes da derradeira ascensão de Sauron e sua tomada pelos
orcs. Sua família é morta na sua frente e devido umas macumba que são feitas
com você, te deixam com um encosto.
A partir daí você não pode mais morrer definitivamente. Talion, querendo se
reunir com sua família no além, parte em busca de acabar com esta maldição e
vingança.
E hey, a forma que fazem para que você queira se vingar é muito competente.
Eu sei que é fácil criticar um artigo veiculado em algum grande portal de games
como o Kotaku mas o ensinamento da mecânica de Stealth pela bitoca que é dada
na esposa é também uma forma de demonstrar a união de um casal e o quanto o
personagem principal se importava com aqueles outros personagens. Dizendo isso,
aquele artigo (que irei deixar nos comentários para vocês lerem e sentirem um
pouco de vergonha alheia com tanto pseudointelectualismo) é muito infeliz em
dizer que “uma mecânica não casa com a narrativa”. Mas isso aqui não vai virar
outro pedaço pseudointelectual que vocês leem na internet porque vou falar
BUNDA. Pronto, acabou o pseudointelectualismo. Bunda bunda bunda.
Nessa comédia toda, você é jogado no mundo de Mordor e daí o jogo diz “hey, tem
esse pontinho que você pode seguir ou tem esse mundo todo para você explorar”.
De cara, o mapa inteiro está aberto para você explorar, liberar torres para
usar de fast travel, pegar intel dos capitães orcs, enfim, EXPLORAR e conhecer
o mundo.
Aliás, isso de você pegar intel e ver como funciona a hierarquia dos orcs
neste território é uma das mecânicas melhores elaboradas deste game. É como eu
idealizo que seja um Sarney Simulator: você passa a matar e dominar os orcs
para que sejam utilizados em emboscadas e execuções de outros capitães ou, caso
você domine um Warchief, seja feito para causar um Riot num forte, jogando a
merda no ventilador causando uma guerra civil entre dois Warchiefs.
Praticamente as eleições.
Cada um dos capitães é gerado dinamicamente pelo tão marketeado “Nemesis
System” o qual devo confessar, funciona muito bem. Cria não só inimigos que
funcionam como chefes únicos, com fraquezas e vantagens geradas aleatoriamente
pelo jogo de forma que casem com sua especificação também gerada de forma
dinâmica. Diabos, eu tomei um susto ao ver um Orc falando comigo de forma bem
elaborada e concisa, daí fui ver o título que ele recebe é “the clever” (o
inteligente).
O Nemesis System também cria uma dinâmica de “vingança” que está empregada
na narrativa como um todo. Se um Orc te matar, ele irá ganhar mais força e
poderá querer subir de rank na hierarquia da sociedade Orc. Um capitão pode se
tornar um Capitão Veterano e um Orc comum, aquele NPC besta, pode também se
tornar um capitão, tendo um nome, especificações, fraquezas e vantagens geradas
para ele dinamicamente. Isso gera playthroughs únicos para cada um, dando um
valor de replay que de certa forma vemos raramente ainda.
Além disso, temos que lidar com os Caragors (que são bestas quadrúpedes) e os
Graugs (gigantes que são um melhor negócio evitar que enfrentar) que podem ser
usados como montaria caso você ache que não comete genocídio o suficiente com
os orcs... isto é, se fosse possível cometer genocídio com esse pessoal se eles
realmente não fossem inimigos que tragam algum nível de desafio, o que
felizmente não é o caso de Shadow of Mordor.
Várias regiões do mapa são formados por formadas por fortes que estão
recheadas de orcs e, caso você seja visto e soe o alarme, prepare esse seu
lindo traseiro porque ele será violado com areia e cascalho.
Aliás, este é um quesito que quando eu vejo compararem este jogo com
Assassin's Creed ou a série Batman Arkham acho uma puta injustiça, porque
nestes jogos você pode muito facilmente encontrar um grupo largo de inimigos e
enfrentá-los facilmente (a não ser em Batman em que se um inimigo tem uma arma
de fogo pede um pouco mais de estratégia mas este é o diferencial desta série,
então deixa quieto), em Shadow of Mordor se você entrar num forte desses e
resolver enfrentar abertamente os orcs muito provavelmente você sairá como
motivo para fazer um orc doido qualquer ser promovido como capitão porque ele
deu o golpe final que te matou. Aqui você pode ser facilmente empilhado por um
monte de inimigos que surgem ao mesmo tempo na tela (e a mesma nunca engasga em
sua performance, ponto para os programadores deste jogo). Mais de uma situação
tive de enfrentar ao mesmo tempo orcs guerreiros, arqueiros, berserkers (que
precisam antes que sejam aplicados algum tipo de stun para serem atacados) ou
então orcs com escudos e lanças (que só podem ser atacados por trás), todos
vindo ao mesmo tempo, sem fazer porra alguma de cerimônia esperando você atacar
e matar os outros. Sem falar dos capitães que podem vir vários de uma vez só,
cada um com suas fraquezas e vantagens (alguns não podem ser feridos por
finishers, outros usam venenos em suas armas, entre outros requisitos que não
cabem ser comentados aqui).
Enfim, se você entrar num forte, vai querer se fazer valer de stealth e nesse
quesito eu fico na dúvida se o jogo é hit ou miss. Hit porque tem toda uma
mecânica baseada no stealth, desde brutalizar o orc que você mata para espantar
os outros, ou dominá-lo para fazer ele te ajudar, ou só matar ele
silenciosamente. Miss porque os orcs de certa maneira parecem ser meio cegos,
mas até que você agradece por eles serem meio cegos porque senão, pela
quantidade de inimigos que tem nesses fortes, você não conseguiria nem ao menos
passar tranquilamente. E olha que não é já nenhuma tranquilidade passar por
eles. Ah sim, e nos fortes você também pode derrubar nhacos de carne que atraem
Caragors ou Graugs que estejam na área, causando mais caos ainda, ou então
libertar um Caragor engaiolado... enfim, nos fortes, você tem várias e distintas
maneiras de se infiltrar.
Entretanto, muito dessas mecânicas são acessíveis através das missões
principais. Uma dica: se você não ganhou um upgrade fazendo uma missão
principal, faça a outra pra recebê-lo o quanto antes e voltar a mexer com a
política dos orcs. Não sei ainda se é uma coisa boa ou não a parte de “dominar
a mente” dos orcs ser algo que você só tenha acesso depois de uns 75% da
história principal do game já feita.
Além disso, Shadow of Mordor tem colecionáveis na medida certa de quantidade
para te fazer querer explorar Mordor e pegar todos. Desde artefatos que contem
a história de personagens secundários que você encontra até mesmo marcas nos
muros que fazem um mural legalzinho e não servem para nada além de dar um
pequeno bônus que são gastos em upgrades.
Upgrades estes que são feitos com experiência adquirida, “power” que você
ganha completando missões ou interferindo diretamente nas sub-missions que
mexem com a política dos orcs, que podem ser gastos melhorando tanto seu
personagem quanto dando mais espaço para serem colocadas relíquias nas suas
armas.
Enfim, de volta a parte da “política” dos orcs, entramos uma das coisas mais
divertidas: brincar de Sarney/Renan Calheiros/PSDB/PT, dominando a política dos
orcs como um todo por trás dos panos interferindo em eventos promovidos por
eles. Um orc está fazendo um banquete? Você pode envenenar a bebida e fazer
todo mundo se voltar contra ele. Ele armou uma emboscada? Você pode escolher
proteger o orc emboscado, ou então fazer ele ser morto mais facilmente, ou
então matar OS DOIS capitães que estão envolvidos na bagaça. Além de outras
coisas como recrutamento, execuções (em que entre os que estão sendo executados
pode haver outro capitão), o jogo oferece nesse quesito uma variedade e
dinamicidade que nunca fica chato participar. Pelo contrário, você passa sempre
a querer dominar o máximo de orcs possíveis, fazendo um dos seus dominados
ocupar a posição de Warchief até.
Enfim, em resumo: COMPREM ESTE JOGO, FOI UMA DAS MELHORES COMPRAS QUE FIZ EM
2014.
Até a próxima.