terça-feira, 31 de março de 2015

Review: Valiant Hearts - The Great War




Um dos maiores problemas que encontramos em jogos que se declaram “educacionais” é que eles são simplesmente um saco e muito mal pensados em seu desenvolvimento. Em vez de aliar à narrativa do jogo e o setting ao gameplay, o que normalmente se faz é entupir o jogo com carinhas sorridentes e um monte de quiz, com uma intenção de infantilizar qualquer tema que forem abordar.

Daí chega Valiant Hearts e me dá uma aula de história da Primeira Guerra Mundial (A Grande Guerra, como é chamada) que faz qualquer professor meu que tive de história tremer nas bases. Primeiro que não fica na chupação de rola do Marx que todo professor de história parece ter com seu socialismo dizendo “olha os males que os conflitos trazidos pelo capitalismo malvado traz! Ohhhhh como eu odeio capitalismo!”, segundo que tudo, mas tudo mesmo no jogo, é feito pra contar de forma ainda mais aprofundada sobre como ocorreu a guerra, quem participou e como era a vida de um soldado nessa guerra.

Neste game, tomamos o controle de quatro personagens, sendo um deles inclusive alemão (PLOT TWIST! OS ALEMÃES NÃO SÃO MOSTRADOS COMO SANGUINÁRIOS MALUCOS DEVORADORES DE JUDEUS! OOOOH!) os quais assumem diferentes pontos de vista durante a guerra. Além disso temos um cachorrinho como fiel companheiro durante a jornada, sendo que ele passa a acompanhar cada um dos personagens dependendo do momento que se passa na história.

O jogo é um adventure bem no estilo point and click. A maioria dos puzzles possuem uma resposta bem óbvia mas confesso que alguns deles eu tive de realmente parar e repensar como passa-los. Diabos, todas as situações que você se encontra nesse game são puzzles, precisando que você ou tenha timing ou tenha a perspicácia de entender como solucionar ele antes que você morra. Até mesmo a escavação de trincheiras foi uma mecânica integrada no game, com você precisando evitar enquanto escava minas e bombas que não detonaram ainda enquanto um bombardeio ocorre sobre sua cabeça. Além disso, temos a verdadeira parte de “aula de história” do game, que é feita através de colecionáveis (o que eu desconfio que se eu pegar todos é destravado mais conteúdo para mim, isso é algo que irei testar mais tarde) que ficam sempre bem escondidos pelo cenário (mas nem tanto, pedem apenas um pouco mais de observação para encontra-los). Sempre que você o coleta, você pode analisa-lo e um pouco da história é destrinchada para o jogador, desde um capacete que na realidade não oferecia proteção alguma contra balas até mesmo carta de combatentes de ambos os frontes para suas famílias.

Toda vez que ocorre algum evento importante, você pode de maneira opcional ver através de um pop-up informações mais aprofundadas do que ocorreu, inclusive com fotos reais da época, o que traz ainda mais uma empatia e respeito por estes combatentes, além de trazer cultura e conhecimento. Nunca imaginei que canadenses tivessem lutado nesta guerra, por exemplo, e eles ainda conseguiram uma vitória extremamente valiosa.

Valiant Hearts consegue através de sua narrativa simples, mas extremamente bem pensada, emocionar e fazer você ficar investido em todos os personagens, sem glorificar uma guerra e conseguindo humanizar seres cartunescos com mais habilidade do que os milhões de polígonos que temos disponíveis hoje.

E este foi o primeiro game que FINALMENTE conseguiu que eu ficasse com os olhos marejados quando terminei. THE FEELS ARE TOO GREAT. OH THE FEELS.

Review: Sly Cooper 2: Band of Thieves





Sucker Punch, do lado de Insomaniac, foi um dos grandes estúdios que produziam jogos exclusivamente para o Playstation 2 (com exceção de um jogo de Nintendo 64 que só descobri porque fui olhar na Wikipedia o histórico deles). Na realidade, produziu exclusivamente a série Sly Cooper, a qual só comecei a conhecer depois que comprei, a MUITO tempo atrás, a Sly Cooper Collection na PS Store.

Bem, como o lançamento de Bloodborne está se aproximando e eu não queria ter gastos desnecessários com jogos que nem me interessam tanto antes, resolvi terminar alguns games da minha biblioteca digital do PS3 e MINHA NOSSA, como tenho jogos que não terminei ainda. Daí, tive uma grata surpresa ao notar que dava para eu jogar a série Sly Cooper inteira porque tinha adquirido a muito tempo atrás o último jogo da série lançado para o PS3, o Thieves in Time. Com essa oportunidade de jogar uma série inteira a minha disposição... bah vocês entenderam.
“Mas Thyago, seu gordo anoréxico, você está fazendo o review do segundo jogo, porque não está fazendo desde o primeiro?”

Muito simples, querida voz da minha cabeça, é porque o primeiro eu joguei a muito tempo atrás e completei o jogo já. Adorei ele, cheio de coisas pelos variados cenários para coletar e com um bom desafio, sendo fundamentalmente um jogo de plataforma com ““““alguns”””” de stealth.
E acho que esta é a maior característica da série: é essencialmente um jogo de plataforma, mas com alguns pontos de stealth para deixar o game mais interessante.

A história deste game acontece pouco tempo depois dos acontecimentos do primeiro game, na qual o vilão Clockwerk, uma coruja gigante feita de motherfucking METAL (acho que o conceito dela foi tirada da capa de algum álbum de uma banda de power metal) foi derrotado por Sly Cooper. Entretanto, por ser uma criatura robótica, suas peças ainda permaneceram e foram pegues pela Klaww Gang, sendo essas peças utilizadas em diferentes planos para enriquecê-los no submundo do crime.

Sabendo que essas peças eram perigosas demais para serem mantidas sem serem destruídas, Sly Cooper e seus amigos Bentley (uma tartaruga extremamente inteligente e com uma voz que te dá vontade de enforcar filhotes de foca) e Murray (um hipopótamo com grande força física e que fica se tratando na terceira pessoa) partem em busca de cada uma das partes de Clockwerk.
O jogo todo é exibido como se fosse um desenho animado, com cutscenes entre cada capítulo bem animadas e divertidas de se assistir, sendo uma boa recompensa para cada capítulo que você completa.

Este game é dividido por episódios e cada episódio se passa em um cenário diferente, tendo estes cenários suas características próprias. Alguns são urbanos, outros na neve, outros no deserto ou na selva... sendo que cada cenário tem 30 garrafas com pedaços de código para você coletar e com esse código você poder abrir um cofre que contém sempre alguma nova habilidade para Sly Cooper. Outras habilidades podem ser adquiridas comprando na safehouse. Para comprar, você precisa de dinheiro que você consegue roubando dos inimigos.

E bem, o jogo é realmente voltado e todo construído para ser jogado com o Sly Cooper, o qual é um guaxinim que pode escalar, se equilibrar em cima de lugares pontudos e cordas e usa um bastão para se defender. Mas também é necessário jogar com seus outros dois amigos para poder avançar no game.

Murray é um pouco mais lento mas é o que tem a maior força do grupo. Alertar guardas com ele nem chega a ser um problema porque ele pode agarrá-los e arremessar contra outros inimigos, o que torna bem mais simples avançar pelo cenário, mesmo sem ter as capacidades acrobáticas de Sly
Cooper. Quando refere-se a si mesmo ele diz que é “The Murray”, o que já mostra que ele deve ter o Q.I. de uma giardia em decomposição.

Já Bentley (a tartaruga) tem alguns gadgets que o ajudam a passar pelos guardas como dardos tranquilizantes mas para que ele os atire é preciso usar um modo de primeira pessoa que minha nossa como é ruim de usar, além do dardo em si ser lento pra cacete então pode esperar errar bastante o alvo. Pra piorar, ele não consegue escalar nada e num jogo com cenário extremamente verticalizado você fica com poucas opções de cobrir o terreno quando é obrigado a jogar com ele. Com certeza, o pior personagem para se jogar. E MINHA NOSSA a voz dessa tartaruga faz você querer enforcar algumas focas.

Agora, alguns defeitos que se sobressaíam aos meus olhos durante a jogatina: o draw distance.
Para quem não sabe, draw distance é a capacidade do jogo de renderizar objetos no cenário à distância ou a capacidade de você interagir com objetos que estejam muito distantes de seu personagem.

Bem, este jogo tem a draw distance de um palmo praticamente. Inimigos surgem do nada todo o tempo na sua frente porque só naquele momento foram carregados, assim como as garrafas que você precisa coletar e vai procurar freneticamente por todo o cenário porque não dá para vê-las a distância. Como os cenários são bem grandes e variados, com várias passagens para você explorar, você vai ter mesmo que ir pra cada um desses cantos se quiser pegar todos os upgrades. Não é algo que deixe o game aleijado mas é bem perceptível.

Também me incomodou como o jogo faz questão de dizer em voz alta cada ação que você deve fazer. Muito tempo é desperdiçado com você parado e ouvindo conversas como você precisa chegar em algum canto só pra puxar uma alavanca. Mas TODAS AS AÇÕES devem ser narradas pausadamente porque o jogo foi feito para uma criança de 8 anos que sofreu uma lobotomia. Tipo, eu sei que sou inteligente o suficiente para puxar uma alavanca que está BRILHANDO e é uma das poucas coisas que o draw distance de merda desse game aguenta mostrar à distância. Mas nope, cada ação executada tem que ser parada para mais e mais exposição.

De resto, é um bom jogo que diverte bastante, com gameplay variado entre cada personagem que se expande dependendo da missão (especialmente o Bentley, que para hackear computadores entra num minigame do tipo navinha e também controla um helicóptero de controle remoto e eram os únicos tipos de missões que valiam a pena jogar com ele). Se alguém estiver procurando um game divertido e descompromissado para jogar, pode pegar sem medo.

Agora dá licença que vou atrás de mais fotos da Carmelita.

For science.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Review: Pokémon Heart Gold





A muitos, muitos anos atrás MESMO, eu era um pivete aficcionado por Pokémon. Até mesmo com os protestos do pastor da minha igreja sobre o quanto Pokémon era coisa do demônio porque eram “monstros” e “monstros são coisas de satanás”, eu continuava indo atrás de jogar e saber mais informações do mundo dos monstros nas bolas.

Me lembro que eu primeiro conheci o jogo e depois comecei a ver o desenho pela Record. É irônico um desenho “do djabu” passar numa rede de TV evangélica mas que se lasque né, a gente sabe muito bem o que é santificado na TV.

Dinheiro e prostitutas, se vocês não sabem. Normalmente nesta ordem.

Enfim, joguei Pokémon Red por um emulador de Game Boy e minha nossa como aquilo consumiu minha vida. Terminei o jogo pegando praticamente tudo o que eu podia naquela versão (era burro e não sabia como fazer pra abrir a outra versão e daí fazer as trocas pra completar minha Pokedéx) e daí então esperei ansiosamente ter a chance de jogar a nova versão: Pokémon Gold. E joguei. Em japonês. E consegui terminar mesmo em japonês essa porra. Sem entender NADA. Cada batalha era um desespero e sempre que eu aprendia um ataque novo eu ficava com um cagaço danado de deletar um movimento bom pra colocar no lugar um movimento bem bosta (para os papudos daqui que não sabem, cada pokémon só pode aprender até quatro movimentos. Quando se aprende um novo, um dos quatro deve ser descartado).

Anos se passaram, comecei a me interessar por outras coisas e deixei de lado esta série até jogar Pokémon Black, mas aí é outra conversa. ENFIM, SEM MAIS ENROLAÇÃO, VAMOS FALAR SOBRE POKÉMON HEART GOLD.

Este, crianças, é um remake bem feito e bem adaptado. Pegaram todo o jogo do gameboy e atualizaram o visual, além de melhorarem toda a interface, utilizando a touchscreen como tela onde tem os menus e tudo pode ser facilmente acessado com um simples toque, sendo também possível usar os botões da forma que era usado anteriormente. É uma mudança que parece ser pequena mas na realidade deixa o gameplay mais dinâmico. As músicas são um primor de alta qualidade, cada cidade tem seu tema e eu duvido que você não ache foda o tema da luta contra o campeão, caso chegue nele.
O jogo é extremamente acessível, não importa se você já é um veterano dessa série ou se é a primeira vez que encosta nessa coisa. E em praticamente todas as versões o jogo tem se mantido, essencialmente, a mesma coisa. Você tem seu monstrinho e enfrenta outros treinadores que também tem monstrinhos. Os monstrinhos se monstranham e quem monstranhar mais vence. Na verdade, o jogo inteiro é uma rinha de galo em que um galo tem um lança-chamas e o outro consegue distorcer o espaço-tempo. E crianças controlam eles.

Assim como em todo jogo, cada vez que você entrar numa caverna é bom seu lubrificante estar em dia porque você será currado a cada 2 passos que você tiver. E eu te juro que quando estou quase pra sair de um canto de alguma caverna, algum morcego filho de uma égua em chamas vai pular e querer te encher o saco.

Aliás, meus parabéns ao japonês safado que não deve ter recebido a sua cota de cocaína no dia e resolveu programar o status “confusão”. Nesse status que não tem cura e que você tem que torcer para que ele vá embora logo seu Pokémon faz um teste e, se ele falhar, em vez de atacar ele dá uma voadora na própria cara e perde HP.

O jogo é carregado de conteúdo. Primeiro, você tem acesso à região de Johto, a qual tem 8 ginásios que ficam em diferentes cidades. Derrotar os líderes do ginásio e em seguida derrotar a Elite 4 e em seguida o campeão é o objetivo inicial do jogo, mas durante ele você também encontra com a Equipe Rocket, uma organização criminosa que quer dominar o mundo (OF COURSE!).

Depois disso tudo, mesmo depois dos créditos rolarem, é que você se toca que só jogou mais ou menos 40% do jogo. É destravada uma região inteira (Kanto... que fica em outro canto. Hã? Sacaram?) com mais 8 ginásios, a possibilidade de poder enfrentar a Elite 4 e os líderes de ginásio novamente mas agora com Pokémons mais bombados e por fim encarar o treinador mais motherfucker, no words, only ass kicking, RED, o protagonista do jogo anterior.

E é justamente aí que o jogo me pega bem onde dói, na nostalgia. É como eu entrar num túnel do tempo, encontrar o menino obeso anti-social que não conseguia falar com ninguém olhando no rosto da pessoa gaguejando sem parar e com um raciocínio confuso que eu era e dizer: “hey, vamos terminar isso de uma vez por todas”.

Eu queria ficar puto com certas coisas, como o fato de ter certos Pokémons que só evoluem se você trocá-los (meu Machoke vai morrer sem nunca poder ser um Machamp por causa disso) ou toda a putaria que existe com a “personalidade” do bicho que influencia diretamente nos status dele, assim como o verdadeiro pé no saco que é fazer o breeding. Eu fico na dúvida entre quem está com seus orifícios mais violados: uma puta na quarta-feira de carnaval ou um Ditto no Day-care (um canto que você deixa seus pokémons evoluírem com o tempo e eles podem se reproduzir. A diferença que um Ditto pode trepar com qualquer um, não importa o tamanho, tipo, sexo, Ditto vai querer todo aquele suco de amor só pra ele), mas simplesmente não consigo. A sensação de progressão e de estar cada vez melhor com seus monstrinhos, assim como o fato deles sempre poderem aprender novos golpes e evoluírem para formas mais fodásticas mais do que compensam toda a parte cagada que o jogo tem caso você pense jogar de forma competitiva, algo que para aproveitar o jogo você pode ignorar completamente sem o menor problema.

Minha recomendação é que, se você tiver um portátil da Nintendo, ao menos experimente jogar Pokémon. De preferência, jogue o mais recente que sair que daí será mais fácil conseguir fazer trocas e aproveitar todos os benefícios que elas trazem.

Agora dá licença que tenho que treinar pra enfrentar um Pikachu de level 88. E meu time inteiro é level 50.



Review: Middle Earth: Shadow of Mordor





Quando comecei a escrever este review, estava tomando algumas Baden Badens que comprei esta tarde. Comprei a Weiss, a Stout e a Golden e, achando que estaria guardando o melhor pro final, resolvi tomar a Golden por último e minha nossa essa porra tem gosto de canela. Quem experimentou isso antes não achou isso uma péssima ideia? E olha que a Stout e a Weiss são excelentes.
ENFIM, vamos para o review.




Xédou ófi mórdor chegou sem fazer grande estardalhaço. Diabos, mesmo se eles anunciassem que em vez de orcs você enfrentaria avestruzes, não teria como você encarar toda a campanha de marketing que fizeram para Destiny. Aliás, vocês ainda jogam Destiny? Uau, nunca mais podem falar mal de quem joga Mario por ele estar jogando sempre “o mesmo jogo”. Mas estou divagando com a ajuda dessa cerveja sabor canela (uma merda, comprem a Baden Baden 1999).

Neste jogo, você toma controle de Talion, um Ranger (sem Power) que guardava a região de Mordor antes da derradeira ascensão de Sauron e sua tomada pelos orcs. Sua família é morta na sua frente e devido umas macumba que são feitas com você, te deixam com um encosto.

A partir daí você não pode mais morrer definitivamente. Talion, querendo se reunir com sua família no além, parte em busca de acabar com esta maldição e vingança.

E hey, a forma que fazem para que você queira se vingar é muito competente. Eu sei que é fácil criticar um artigo veiculado em algum grande portal de games como o Kotaku mas o ensinamento da mecânica de Stealth pela bitoca que é dada na esposa é também uma forma de demonstrar a união de um casal e o quanto o personagem principal se importava com aqueles outros personagens. Dizendo isso, aquele artigo (que irei deixar nos comentários para vocês lerem e sentirem um pouco de vergonha alheia com tanto pseudointelectualismo) é muito infeliz em dizer que “uma mecânica não casa com a narrativa”. Mas isso aqui não vai virar outro pedaço pseudointelectual que vocês leem na internet porque vou falar BUNDA. Pronto, acabou o pseudointelectualismo. Bunda bunda bunda.
Nessa comédia toda, você é jogado no mundo de Mordor e daí o jogo diz “hey, tem esse pontinho que você pode seguir ou tem esse mundo todo para você explorar”. De cara, o mapa inteiro está aberto para você explorar, liberar torres para usar de fast travel, pegar intel dos capitães orcs, enfim, EXPLORAR e conhecer o mundo.

Aliás, isso de você pegar intel e ver como funciona a hierarquia dos orcs neste território é uma das mecânicas melhores elaboradas deste game. É como eu idealizo que seja um Sarney Simulator: você passa a matar e dominar os orcs para que sejam utilizados em emboscadas e execuções de outros capitães ou, caso você domine um Warchief, seja feito para causar um Riot num forte, jogando a merda no ventilador causando uma guerra civil entre dois Warchiefs. Praticamente as eleições.
Cada um dos capitães é gerado dinamicamente pelo tão marketeado “Nemesis System” o qual devo confessar, funciona muito bem. Cria não só inimigos que funcionam como chefes únicos, com fraquezas e vantagens geradas aleatoriamente pelo jogo de forma que casem com sua especificação também gerada de forma dinâmica. Diabos, eu tomei um susto ao ver um Orc falando comigo de forma bem elaborada e concisa, daí fui ver o título que ele recebe é “the clever” (o inteligente).

O Nemesis System também cria uma dinâmica de “vingança” que está empregada na narrativa como um todo. Se um Orc te matar, ele irá ganhar mais força e poderá querer subir de rank na hierarquia da sociedade Orc. Um capitão pode se tornar um Capitão Veterano e um Orc comum, aquele NPC besta, pode também se tornar um capitão, tendo um nome, especificações, fraquezas e vantagens geradas para ele dinamicamente. Isso gera playthroughs únicos para cada um, dando um valor de replay que de certa forma vemos raramente ainda.

Além disso, temos que lidar com os Caragors (que são bestas quadrúpedes) e os Graugs (gigantes que são um melhor negócio evitar que enfrentar) que podem ser usados como montaria caso você ache que não comete genocídio o suficiente com os orcs... isto é, se fosse possível cometer genocídio com esse pessoal se eles realmente não fossem inimigos que tragam algum nível de desafio, o que felizmente não é o caso de Shadow of Mordor.

Várias regiões do mapa são formados por formadas por fortes que estão recheadas de orcs e, caso você seja visto e soe o alarme, prepare esse seu lindo traseiro porque ele será violado com areia e cascalho.

Aliás, este é um quesito que quando eu vejo compararem este jogo com Assassin's Creed ou a série Batman Arkham acho uma puta injustiça, porque nestes jogos você pode muito facilmente encontrar um grupo largo de inimigos e enfrentá-los facilmente (a não ser em Batman em que se um inimigo tem uma arma de fogo pede um pouco mais de estratégia mas este é o diferencial desta série, então deixa quieto), em Shadow of Mordor se você entrar num forte desses e resolver enfrentar abertamente os orcs muito provavelmente você sairá como motivo para fazer um orc doido qualquer ser promovido como capitão porque ele deu o golpe final que te matou. Aqui você pode ser facilmente empilhado por um monte de inimigos que surgem ao mesmo tempo na tela (e a mesma nunca engasga em sua performance, ponto para os programadores deste jogo). Mais de uma situação tive de enfrentar ao mesmo tempo orcs guerreiros, arqueiros, berserkers (que precisam antes que sejam aplicados algum tipo de stun para serem atacados) ou então orcs com escudos e lanças (que só podem ser atacados por trás), todos vindo ao mesmo tempo, sem fazer porra alguma de cerimônia esperando você atacar e matar os outros. Sem falar dos capitães que podem vir vários de uma vez só, cada um com suas fraquezas e vantagens (alguns não podem ser feridos por finishers, outros usam venenos em suas armas, entre outros requisitos que não cabem ser comentados aqui).

Enfim, se você entrar num forte, vai querer se fazer valer de stealth e nesse quesito eu fico na dúvida se o jogo é hit ou miss. Hit porque tem toda uma mecânica baseada no stealth, desde brutalizar o orc que você mata para espantar os outros, ou dominá-lo para fazer ele te ajudar, ou só matar ele silenciosamente. Miss porque os orcs de certa maneira parecem ser meio cegos, mas até que você agradece por eles serem meio cegos porque senão, pela quantidade de inimigos que tem nesses fortes, você não conseguiria nem ao menos passar tranquilamente. E olha que não é já nenhuma tranquilidade passar por eles. Ah sim, e nos fortes você também pode derrubar nhacos de carne que atraem Caragors ou Graugs que estejam na área, causando mais caos ainda, ou então libertar um Caragor engaiolado... enfim, nos fortes, você tem várias e distintas maneiras de se infiltrar.

Entretanto, muito dessas mecânicas são acessíveis através das missões principais. Uma dica: se você não ganhou um upgrade fazendo uma missão principal, faça a outra pra recebê-lo o quanto antes e voltar a mexer com a política dos orcs. Não sei ainda se é uma coisa boa ou não a parte de “dominar a mente” dos orcs ser algo que você só tenha acesso depois de uns 75% da história principal do game já feita.

Além disso, Shadow of Mordor tem colecionáveis na medida certa de quantidade para te fazer querer explorar Mordor e pegar todos. Desde artefatos que contem a história de personagens secundários que você encontra até mesmo marcas nos muros que fazem um mural legalzinho e não servem para nada além de dar um pequeno bônus que são gastos em upgrades.

Upgrades estes que são feitos com experiência adquirida, “power” que você ganha completando missões ou interferindo diretamente nas sub-missions que mexem com a política dos orcs, que podem ser gastos melhorando tanto seu personagem quanto dando mais espaço para serem colocadas relíquias nas suas armas.

Enfim, de volta a parte da “política” dos orcs, entramos uma das coisas mais divertidas: brincar de Sarney/Renan Calheiros/PSDB/PT, dominando a política dos orcs como um todo por trás dos panos interferindo em eventos promovidos por eles. Um orc está fazendo um banquete? Você pode envenenar a bebida e fazer todo mundo se voltar contra ele. Ele armou uma emboscada? Você pode escolher proteger o orc emboscado, ou então fazer ele ser morto mais facilmente, ou então matar OS DOIS capitães que estão envolvidos na bagaça. Além de outras coisas como recrutamento, execuções (em que entre os que estão sendo executados pode haver outro capitão), o jogo oferece nesse quesito uma variedade e dinamicidade que nunca fica chato participar. Pelo contrário, você passa sempre a querer dominar o máximo de orcs possíveis, fazendo um dos seus dominados ocupar a posição de Warchief até.

Enfim, em resumo: COMPREM ESTE JOGO, FOI UMA DAS MELHORES COMPRAS QUE FIZ EM 2014.

Até a próxima.